segunda-feira, 28 de junho de 2021

Acesso amplo e equânime ao conhecimento

O Portal de Periódicos da Capes conectou os pesquisadores brasileiros ao estado da arte de suas áreas; modelo agora enfrenta incertezas.



Editorial do número 304 da Revista Fapesp





Uma biblioteca digital brasileira que garante amplo acesso ao conhecimento em diferentes disciplinas exibe indicadores vigorosos de desempenho, mas, ao mesmo tempo, vive incertezas sobre seu futuro. O Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) permitiu, em duas décadas de existência, a consulta a cerca de 1,5 bilhão de artigos e outros documentos científicos – a cada mês são cerca de 15 milhões de downloads. Esse material provém de mais de 49,2 mil periódicos científicos, 139 bases de dados e 12 plataformas de patentes, cuja leitura, em grande parte dos casos, exigiria que o usuário pagasse assinaturas ou taxas. Por meio do portal, pesquisadores e alunos afiliados a 426 instituições públicas do país, entre universidades, sociedades científicas e instituições de pesquisa, têm acesso livre a esse conteúdo. Isso custou aos cofres da Capes no ano passado cerca de R$ 380 milhões – os contratos com as editoras são em geral pagos em dólar norte-americano. Em valores corrigidos, o total investido pelo governo federal entre os anos de 2001 e 2020 chega perto de R$ 6 bilhões.


Esse panorama dos 20 anos de atividade do Portal de Periódicos emerge de um estudo feito por Welandro Damasceno Ramalho, publicado no final de 2020 na Revista Brasileira de Pós-graduação. O trabalho é fruto de seu doutorado, defendido recentemente no Programa de Educação em Ciências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, cujo objetivo principal era mostrar as diversas fases pelas quais a biblioteca digital passou em sua trajetória. Ele coletou dados oficiais sobre o portal e analisou 390 contratos celebrados entre a Capes – agência de fomento do Ministério da Educação (MEC) – e editoras internacionais. “Os resultados mostram a importância que a biblioteca digital adquiriu na educação superior brasileira”, afirma Ramalho, que é analista de ciência e tecnologia da Capes desde 2009 e participa, no âmbito da Coordenação de Contratos da agência, da negociação com editoras de publicações científicas. “O grande número de acessos e a expansão dos conteúdos oferecidos ao longo do tempo sugerem que a estratégia de democratizar o acesso ao conhecimento por instituições de todas as regiões do Brasil teve grande alcance como uma política de Estado.”


Leiam a matéria na íntegra aqui .

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