segunda-feira, 18 de abril de 2016

O QUALIS e a classificação das revistas


Dentre alguns erros conceituais do sistema Qualis, aqui vou rapidamente falar de um deles. Trata-se da ênfase dada à revista de publicação. Ou seja, pesquisadores e programas de pós-graduação são premiados pelas revistas nas quais conseguem publicar. Numa análise histórica percebo que essa ênfase foi necessária, mas não é mais. Do final de década de 1990 e até a primeira década de 2000, um forte contingente das pesquisas da pós-graduação brasileira era ainda canalizado para revistas nacionais brasileiras, ou algumas estrangeiras de baixo escalão. Havia uma resistência, particularmente em algumas áreas (Humanas, Agrárias, Saúde, Engenharias, entre outras), em se publicar em revistas científicas internacionais. Ou seja, o pesquisador brasileiro, em sua maioria, não se arriscava nas revistas internacionais e preferia fazer carreira publicando no que tínhamos aqui no Brasil. O acompanhamento da evolução do número de revistas da metodologia Scielo com trabalhos exclusivamente em inglês mostra esse mesmo quadro. Nesse período, a necessidade era fazer diversas áreas entenderem que deveriam fazer ciência e debater com o cenário mundial, o que exigia a publicação em periódicos de bom nível internacional (não bastava ser do exterior). Como esse olhar não era um olhar automático dos nossos pesquisadores, a CAPES deu uma mãozinha e premiou revistas internacionais. Isso foi mais enfaticamente firmado em 2008, quando o Fator de Impacto das revistas foi fortemente atrelado à classificação QUALIS. Em meados desse ano eu dei essa notícia num congresso brasileiro de Fitopatologia realizado em Belo Horizonte, enquanto participei de uma mesa-redonda. A notícia foi recebida com um forte "precisamos ir à CAPES acabar com isso", enquanto eu me perguntava: ninguém chegou a admitir que talvez precisássemos repensar nossa ciência? Nos úlitmos 6 anos, no entanto, me parece que uma grande parcela dos pesquisadores brasileiros já está convencida da publicação em periódicos internacionais, adentrando no debate mundial de suas respectivas especialidades.
Vejam o artigo completo do Professor Gilson Volpato aqui .

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