quinta-feira, 18 de junho de 2020

Dez escritores africanos que você precisa conhecer

   


A literatura de escritores africanos vem gradualmente sendo mais conhecida pelos leitores brasileiros. Na década de 1980 ficou muito famosa uma coleção editada pela Editora Ática chamada Autores africanos. A coleção se iniciou em 1979 e, infelizmente, se encerrou no início dos anos 1990. O escritor nigeriano Chinua Achebe lançou no Brasil, por esta coleção, o clássico O mundo se despedaça, hoje editado pela Companhia das Letras.


Também editada pela Companhia das Letras, a escritora Chimmanda Ngozi Adichie viu o número de leitores brasileiros aumentarem consideravelmente nos últimos anos, principalmente após a sua participação na Flip – Festa Literária Internacional de Paraty, de 2008, onde lançou o romance “Meio sol amarelo”. Nesta última década vimos surgir no mercado editorial brasileiro, novas vozes literárias dos países africanos, que se pluralizam no Brasil a partir do trabalho de selos, clubes de leitura e de pequenas e médias editoras. Preparei uma lista de dez escritores lançados neste período que merecem a atenção dos leitores da Biblioo.


1. Fatou Diome – Senegal


Fatou Diome nasceu em uma ilha do Delta do Saloum, no Sudoeste do Senegal, licenciou-se em Literatura Moderna na Universidade de Marc Bloch de Estrasburgo, onde realizou o doutorado. Em 2001 a escritora publicou uma coleção de histórias curtas, intitulada “La Préférence nationale”. O seu primeiro romance, “Le Ventre de l’Atlantique” (2003), transformou-se num êxito de vendas na França e foi traduzido para o inglês, espanhol, alemão e português. Além dos títulos citados, publicou, entre outros, o romance, Kétala. Publicou no Brasil em 2019 o romance “O ventre do Atlântico”, pela Editora Malê.



“O romance ‘O ventre do Atlântico’, de Fatou Diome, aborda a paixão pelo futebol e as questões identitárias e sociais dos imigrantes africanos na França e dos que desejam imigrar para os países europeus. Salie vive na França tentando se adaptar a vida como imigrante. Seu irmão, Madické, vive no Senegal e é apaixonado por futebol. Ele sonha em ir morar com a irmã, fazer carreira em um clube francês e confia em Salie para alcançar seu objetivo. Para Salie, a imigração representou uma dolorosa experiência de exílio, solidão e racismo e por isso tenta convencer seu irmão sobre o quanto pode ser utópico o desejo que ele alimenta” – Editora Malê. 


2. Alain Mabanckou – República do Congo


Alain Mabanckou nasceu em Pointe-Noire, República do Congo, estudou direito en Brazzaville e, posteriormente, na França, onde concluiu a pós-graduação na Universidade Paris-Dauphine. É autor de doze romances, seis livros de poesia, dois livros infanto-juvenis. É considerado um dos grandes escritores do século XXI, com obras traduzidas e publicadas em diversos países. Com o livro “Memoires de porc-épic”, recebeu o Prêmio Renadout. Publicou no Brasil em 2017 o livro “Memórias de porco-espinho” e em 2018 o livro “Copo quebrado”. Em 2020 publica o livro “Black bazar”.




“Em ‘Memórias de porco-espinho’, Alain Mabanckou revisita, com amor e ironia, uma série de lugares fundadores da literatura e cultura africana. Parodia livremente uma lenda popular de que todo ser humano possui seu duplo animal, que nesta narrativa é um porco-espinho surpreendente” – Editora Malê. 


3. Scholastique Mukasonga – Ruanda


Scholastique Mukasonga nasceu em Gikongoro, Ruanda. Scholastique emigrou de Ruanda em 1992, dois anos depois do genocídio dos Tutsis, para se estabelecer na França. Publicou no Brasil pela Editora Nós os romances “A mulher de pés descalços” (2017), “Nossa senhora do Nilo” (2017) e “Baratas” (2018).




“O romance ‘A mulher de pés descalços’ trata de maneira pungente dos conflitos enfrentados pelas mulheres na Ruanda das lutas fratricidas entre as etnias Tutsi e Hutu, que culminaram com o ominoso genocídio praticado pelos hutus em 1994” – Editora Nós.


4. Futhi Ntshingila – África do Sul


Futhi Ntshingila é jornalista e mestre em mediação de conflitos pela Universidade de KwaZulu-Natal. Publicou no Brasil em 2016 o romance “Sem sentinela”, pela Editora Dublinense.




“Em meio ao apartheid, nos guetos da África do Sul, mãe e filha precisam sobreviver em um ambiente marcado pela pobreza e pelo medo da aids. Sentinela romance traz uma história de superação de cruéis adversidades, mas também conta a trajetória de libertação pessoal de uma mulher orgulhosa e de uma menina que se torna adulta cedo demais” – Editora Dublinense.


5. Tsitsi Dangarembga – Zimbábue


Tsitsi Dangarembga nasceu na Rodésia, hoje Zimbábue. É escritora, cineasta, e professora e mestre em cinematografia pela Academia Alemã da Cinema e Televisão de Berlim. Publicou no Brasil pela Editora Kapulana em 2019 o romance “Condições nervosas”.




“Narrado em primeira pessoa por Tambudzai, que, já adulta, relembra a sua infância e adolescência e os caminhos que tomou para contornar as opressões da pobreza, do patriarcado e do colonialismo” – Editora Kapulana.


6. Dany Wambire – Moçambique


Dany Wambire nasceu em Manica, Moçambique. É escritor, professor e editor. Edita a revista Soletras. É autor de “O curandeiro contratado pelo meu edil” (crônicas), “Quem manda na Selva” (infantil) e dos livros de contos publicados no Brasil pela Editora Malê: “A Adubada fecundidade e outros contos” e “A mulher sobressalente”.




“O grande alcance de Dany Wambire é tanger, com olhar crítico, os eternos dilemas do ser humano, sempre gravitando entre a ordem e o caos, sonhos e ilusões, conflitos e preconceitos com que a sociedade foi construída. A sua sensibilidade levá-o a tocar nas relações de gênero, repudiando tempestivamente a violência contra as mulheres e raparigas. Em cada página do seu livro, vai narrando os enganos e desenganos da sociedade, mas sempre na perspectiva de construir um mundo mais humano” – Paulina Chziane. 


7. António Quino – Angola


António Quino nasceu em Luanda, Angola. É autor das obras “Duas faces da esperança: Agostinho Neto e António Nobre num estudo comparado”, organizador de “Balada de homens que sonham”, obra traduzida para italiano, espanhol e hebraico e autor do romance “República do Vírus”, publicado em Angola, Portugal e no Brasil pela Editora Malê em 2019.





“Em uma sociedade altamente oprimida e subserviente aos desmandos das autoridades, eis que surge uma peste que apavora e passa a adoecer e dizimar a população. Para combater a queda crescente de popularidade, os dirigentes políticos usam o letal vírus como arma de defesa nacional, sob o argumento de que nações poderosas querem se apoderar de uma propriedade do povo mulumbeiro, afinal o vírus foi criado lá” – Tom Farias.


8. Nadifa Mohamed – Somália


Nadifa Mohamed nasceu em Hargeisa, na Somália, mora na Inglaterra desde os cinco anos de idade. Estreou na literatura com o romance “Black Mamba Boy”, ainda não traduzido para o português. Publicou em 2016, pela Editora Tordesilhas, o romance “O pomar das almas perdidas”.




“Em 1987, Hargeisa, segunda maior cidade da Somália, a ditadura militar que está no poder faz demonstrações de força, embora haja rumores de uma revolução, narrada no romance pelos olhos de três mulheres” – Editora Tordesilhas.


9. Léonora Miano – Camarões


Nascida em Camarões, Léonora escreveu suas primeiras poesias aos oito anos de idade. Em 1991, mudou-se para a França, estudando literatura americana em Valenciennes e Nanterre. Fundou em 2010 a ONG Mahogany, dedicada a projetos sobre a diáspora. Publicou em 2009, pela Editora Pallas, o livro “Contornos do dia que vem vindo” e em 2019 o livro “A estação das sombras”.




“O romance conta a história da tribo Mulongo como protagonista do enredo sobre o tráfico negreiro e a dizimação dos povos na costa Africana no século XVI” – Editora Pallas. 


10. Ngugi wa Thiong’o – Quênia


Ngugi wa Thiong’o nasceu no Quênia, é um escritor, professor universitário. Escreveu obras em língua inglesa e que posteriormente tem escrito em língua gĩkũyũ. Publicou pelo Selo Alfaguarra, em 2015, o romance “Um grão de trigo”.




“Publicado originalmente em 1967, ‘Um grão de trigo’ trata do difícil processo de independência do Quênia e das dúvidas e lealdades que cada um leva consigo” – Alfaguarra.


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